Campus de Goiabeiras, Vitória - ES

Ambulatório Multidisciplinar de Diversidade de Gênero

O dia 29 de janeiro é o Dia Nacional da Visibilidade Trans no Brasil. Nesta data, em 2004, pela primeira vez na história do país, travestis e transexuais organizados estiveram no Congresso Nacional para falar aos parlamentares brasileiros sobre a realidade dessa população.

O desenvolvimento social é condição básica para a conquista da saúde. Porém, a exclusão social decorrente do preconceito contra a população LGBTT+  faz com que nela incidam mais fortemente problemas sociais como o desemprego, a falta de acesso à moradia e à alimentação digna, a dificuldade de acesso à educação, lazer, cultura e aos serviços de saúde. Então, é de grande importância compreender a determinação clínica, sociodemográfica e comportamental no dinâmico processo saúde-doença de pessoas transgêneros e desenvolver programas que possam ajudá-las no processo de transição. A discriminação por orientação sexual e por identidade de gênero incide no processo de sofrimento e adoecimento decorrente do preconceito e do estigma social reservado a população LGBTT+.

A Ufes atua junto à melhoria da qualidade de vida desta população por meio do Ambulatório Multidisciplinar de Diversidade de Gênero, que funciona no HUCAM, sob a coordenação de Neide Aparecida Tosato Boldrini, professora do departamento de Ginecologia e Obstetrícia da UFES. O HUCAM foi o quinto Hospital do país a implantar esse tipo de serviço.  No ambulatório são atendidos cidadãos e cidadãs que passam pelo processo de transexualização.

Segundo sua coordenadora, “O Brasil tem excelentes exemplos de boas práticas de inclusão de pessoas trans, mas geralmente são projetos locais, de governo estadual e prefeitura, ou mesmo de organizações da sociedade civil. O maior desafio é desenvolver essas políticas públicas no âmbito nacional, como política de Estado, para que persistam independentemente de governantes.” Contando com uma equipe multidisciplinar de médicos ginecologistas e obstetras, enfermeiros, clínico geral, urologista, fisioterapeuta, psicólogo, mastologistas, fonoaudiólogos, assistente social, infectologista, nutricionista, educador físico e com o reforço dos alunos dos cursos de Medicina, Enfermagem, Serviço Social e Psicologia, o ambulatório atende atualmente em torno de 221 usuários transgêneros.  Hoje o ambulatório tem como parceiros a Secretaria de Estado da Saúde (SESA) e Ministério da Saúde, mas a expectativa é ampliar parcerias com a rede de atenção primária e, com isso, aumentar o número de atendimento.

A porta de entrada para iniciar acompanhamento no Ambulatório é a reunião de acolhimento, que acontece mensalmente. Nela, os novos usuários participam de uma roda de conversa onde trocam experiências e recebem orientações dos profissionais do ambulatório quanto à saúde e o funcionamento do programa. A partir desse encontro o usuário é encaminhado aos diversos profissionais, dependendo da demanda mais urgente, que pode ser clínica, social ou psicológica. Também é encaminhado para consulta com nutricionista, educador físico e fonoaudiólogo. O tratamento hormonal e/ou cirúrgico é conduzido respeitando os protocolos do HUCAM/EBSERH/UFES e do Ministério da saúde. Em 2020, porém, o acolhimento está suspenso, pois a equipe do ambulatório está fazendo o levantamento dos usuários que já podem ter alta ou serem encaminhados para a rede primária para que novos usuários possam entrar no programa, que já conta com uma lista de espera para o acolhimento.

Segundo Neide Boldrini, um dos grandes entraves para o atendimento à essa população é a falta de disciplinas voltadas para o atendimento específico à saúde da população trans nos cursos da área de Saúde.

 

 

 

 

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