Levando saúde para a rua
Se para a população empobrecida já é difícil conseguir tratamento de saúde na rede pública, para a população em situação de rua esse atendimento é quase inexistente. A marginalização dessa população e as violências por elas sofridas tornam ainda mais difíceis os cuidados básicos de saúde e assistência social e dificultam o acesso aos exames e medicamentos necessários. O projeto de extensão Medicina na Rua: um olhar ampliado, coordenado pela professora do Departamento de Medicina Social, Brunela Madureira, iniciou-se durante a pandemia para atender à crescente demanda dessas pessoas pelo atendimento de saúde.
Constituída em 2011 pela Política Nacional de Atenção Básica, a estratégia do Ministério da Saúde Consultório de Rua, que visa atender a essa população, não se mostra hoje suficiente para o atendimento. É necessário um reforço na equipe de profissionais para que a política realmente alcançasse quem dela necessita. O projeto Medicina na Rua surgiu, então, para colaborar e fortalecer o trabalho do Consultório de Rua, atualmente ligado às Unidades Básicas de Saúde de Vitória.
A parceria entre o projeto de extensão e o Consultório de Rua, possibilitou o aumento do atendimento às pessoas em situação de rua de Vitória, ampliando e organizando o fluxo de forma a atender mais pacientes e em mais especialidades do que era possível antes.
O projeto conta com o Consultório de Rua, ligado à Secretaria de Saúde de Vitória, para chegar até os pacientes, identificar suas demandas de saúde e levá-los à Unidade Básica de Saúde para que sejam atendidos. Na UBS, os pacientes são acolhidos pelas equipes da própria UBS e pelos médicos e acadêmicos da Ufes que atuam no projeto. A estrutura das UBS é importante para o atendimento, por isso os pacientes são levados para lá e não atendidos na rua. Os atendimentos ocorrem uma vez por mês na UBS de Andorinhas. Mas as equipes já pensam em ampliar o atendimento para outras unidades de saúde, já que a Unidade de saúde de Andorinhas não é grande o suficiente para atender à demanda. Outro parceiro do projeto é a Pastoral do Povo da Rua, ligada à Arquidiocese de Vitória, que também encaminha pacientes para atendimento.
As ações em conjunto com a equipe do Consultório de Rua e unidades de saúde começaram em agosto de 2020, e de lá para cá foram registradas seis ações de orientação e intervenção em saúde da população em situação de rua em Vitória. São agendados 3 a 4 pacientes por profissional. Mas antes do agendamento uma equipe multiprofissional formada por Assistente Social, Psicólogos, Técnicos de Saúde Bucal, Enfermeiros e Técnicos de Enfermagem identificam as necessidades dos pacientes e os encaminham para atendimento com os professores da Ufes especializados em Medicina de Família, Dermatologia, Neurologia, Psiquiatria, Endocrinologia, Ginecologia e Cirurgia. Uma vez detectada a necessidade de exames, a equipe da UBS faz o encaminhamento.
O projeto Medicina na Rua conta hoje com uma equipe formada por 23 alunos do curso de Medicina e 2 do curso de Odontologia, além dos professores e professoras identificados:
Odontologia: prof. Raquel Baroni e Liliana Pimenta de Barros
Dermatologistas: Brunela Madureira e Patrícia Deps
Pediatra: Norma Oliveira
Psiquiatra: Luiz Henrique Borges
Neurologista: Jovana Gobbi
Ginecologista: Viviane Tacla
Endocrinologista: Queulla Garret
Médico de Família – Thiago sarti
Clínico especialização dependência química – Roney oliveira
E, ainda, a professora Blima Flux, que auxilia nos exames clínicos e acolhimento dos pacientes.
A coordenadora do projeto Medicina na Rua, Brunela Madureira, aponta a necessidade de outros profissionais tais como ortopedistas, terapeutas ocupacionais e cirurgião geral para que o atendimento seja integral. “voluntários nessas áreas serão bem vindos”, diz ela.
O projeto Medicina na Rua: um olhar ampliado, está aumentando sua atuação e isso já chama a atenção de organizações especializadas em saúde: a Organização Pan Americana de saúde (OPAS) selecionou, entre 1.151 projetos inscritos, o Medicina na Rua para concorrer a uma premiação. Em março haverá a definição dos 20 projetos selecionados para a última fase. Torcemos para que o Medicina na Rua seja um deles!
Quer saber mais sobre o projeto? Acompanhe o Instagram @medicinanarua para ficar por dentro das atividades.